Sensualidade e exotismo são conceitos parceiros há muito tempo. No Oriente, são sintetizados pela figura das gueixas, japonesas que estudam a tradição milenar da arte da sedução, dança e canto. No mundo todo, elas despertam atração com sua delicadeza e se transformam, muitas vezes, em fantasia sexual entre homens e mulheres.
Mas vida de gueixa, no equilibrado Japão do século XXI, não é nada fácil. Disciplina e obediência a uma forte hierarquia social estabelecida dentro de suas próprias comunidades exigem delas dedicação integral e, sobretudo, vocação.
Um pouco de história
No começo do chamado Renascimento Japonês, quando as diferentes províncias que compunham o país foram unificadas, criou-se um ambiente de refinamento cultural em que artes como o Ikebana e a Cerimônia do Chá se consolidaram e o entretenimento se sofisticou. Foi nesse contexto que surgiram as gueixas, a princípio um termo que se referia aos homens artistas.
Segundo a enciclopédia japonesa Kondasha, os primeiros registros da palavra datam por volta de 1750. Nessa época, a atividade de boa parte das gueixas esteve circunscrita aos yoshiwara, chamados "quarteirões do prazer", locais onde também prostitutas e cortesãs exerciam suas atividades, com a permissão do governo.
Vem daí o confuso envolvimento dessas mulheres com a sexualidade e a prostituição. Nesse tempo, as gueixas eram claramente orientadas por leis a não oferecer esse tipo de serviço. "Mas como essas leis eram renovadas com uma certa constância, isso é um sinal de que deviam ser freqüentemente desobedecidas", acrescenta o professor e pesquisador Lao Kawashima, ex-diretor da Aliança Cultural Brasil Japão. Ele conta que ainda hoje as gueixas são sensíveis ao assunto. "Tanto a prostituição quanto a atividade das gueixas eram consideradas legais no Japão até a década de 50, quando o meretrício foi proibido e passou para a marginalidade. Ou seja, pelo mero aspecto técnico, são coisas bastante diferentes. Mas na prática, nem sempre é tão simples", pondera ele.
“ O perfil do danna é comumente o de um homem casado que busca na gueixa uma amante”
Outro fator a confundir os conceitos é a figura do danna, o necessário "patrocinador" das gueixas. Os custos do treinamento e todo o aparato necessário, como instrumentos e vestimentas, são muito altos e isso fez surgir essa espécie de cliente especial, que financia a vida da gueixa e com quem ela, em muitos casos, mantém uma relação íntima e duradoura. O perfil do danna é comumente o de um homem casado que busca na gueixa uma amante. "É confuso, mesmo para os japoneses", ressalta Lao Kawashima.
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